Enquanto VW Jetta e Honda Civic se tornam sedãs de nicho, mais caros e de menor volume, algo precisava os substituir nas concessionárias. Como sempre, a resposta foram dois SUVs seguindo o que o mercado tanto pede, com VW Taos e o recém-apresentado Honda ZR-V, ambos importados e que brigarão em um segundo pelotão do segmento, hoje dominado por Jeep Compass e Toyota Corolla Cross com certa folga.
Já fizemos um comparativo de Jetta GLI e Civic híbrido nessa nova fase dos sedãs. Agora é a vez dos SUVs médios que, de certa forma, os substituíram nas lojas, para ver qual o melhor. Ambos estão em uma faixa de preço pouco acima dos R$ 210 mil em suas versões topo (ou única, no caso do Honda), mas diferentes na concepção da motorização, turbo contra aspirado. Qual merece a sua garagem?
Uma forma de tentar justificar a troca de um sedã por SUV é que esse tipo de carro tem uma melhor modularidade e espaço interno, principalmente para quem usará o porta-malas. Logo, este quesito é bem importante para o comprador e, no caso dos médios, precisam conquistar também quem vem de um SUV compacto e quer subir de patamar – aqui, são as opções acima dos bem vendidos VW T-Cross e Honda HR-V.
Deu para perceber uma certa diferença entre eles já pelas fotos. O design arredondado do ZR-V não passa apenas a impressão que ele é menor, mas só é maior que o Taos no comprimento, sendo um pouco mais baixo e com praticamente a mesma largura. O que pega é que o entre-eixos do Taos é maior, aproveitando melhor principalmente o espaço interno.
Começando pelo porta-malas, há uma boa vantagem do Taos sobre o ZR-V. São 498 contra 389 litros, consideráveis 109 litros de diferença. O Volkswagen soube aproveitar seu habitáculo, tanto em profundidade quanto altura, e mesmo considerando passar a altura do banco traseiro com algum objeto mais alto, o Taos segue na vantagem. Além disso, o ZR-V usa uma rede como tampão que parece uma adaptação, principalmente nesta faixa de preços.
No habitáculo em si, a briga é um pouco mais acirrada. Para motorista e passageiro da frente, o Taos dá uma maior sensação de espaço, além de uma posição mais alta e um console central mais tradicional, baixo. O ZR-V tem bancos mais confortáveis, posição mais baixa e o console central mais alto divide em duas partes o ambiente, algo que a marca japonesa gosta de aplicar principalmente em SUVs.
No banco traseiro, o Taos tem maior espaço para as pernas, mas o ZR-V tem um piso quase plano se precisar acomodar mais um ocupante, além de assento mais comprido e confortável. Os dois oferecem portas USB-C para recarga de smartphones, mas o VW acerta nas saídas de ar-condicionado para a segunda fileira.
Vantagem: VW Taos
Um cliente exigente que pagará mais de R$ 210 mil por seu carro novo faz questão de ter um bom acabamento. E aqui o Taos sempre foi alvo de críticas, principalmente ao suceder um Tiguan Allspace. As portas dianteiras usam um material suave ao toque, mas o tabelier não, o que acaba, inclusive, não conversando entre as peças. Em alguns mercados, essa peça é revestida em material melhor.
O Honda ZR-V passa uma impressão melhor, mesmo nas peças plásticas. Está dentro da média do segmento e joga com detalhes como o mesmo material dos bancos aplicado no painel e peças compartilhadas com o Civic. Outro ponto onde o ZR-V é melhor que o Taos são seus porta-objetos e comodidades como as portas USB-C para cada ocupante no console central elevado. O Taos oferece as tomadas um pouco escondidas. Apertado, mas o ZR-V leva a melhor neste ponto.
Vantagem: Honda ZR-V
Como versões topo de linha, ZR-V e Taos têm pacotes parecidos de equipamentos. A lista tem ar-condicionado de duas zonas, chave presencial com partida por botão, faróis em LEDs com farol-alto automático, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, banco do motorista com ajustes elétricos, carregador por indução para smartphones, retrovisor interno fotocrômico, câmera de ré, acendimento automático dos faróis e detector de fadiga do motorista, entre outros.
São pequenas diferenças entre eles. O Taos possui o assistente de estacionamento automático, LEDs internos selecionáveis, painel de instrumentos de 10,25″ (7″ no ZR-V), retrovisor externo com rebatimento elétrico e bancos dianteiros com aquecimento. O Honda vem com teto-solar de série (opcional no Taos), autohold, alerta de esquecimento no banco traseiro e partida remota.
Em conectividade, o Taos vem com a conhecida VW Play de 10,1″, enquanto o ZR-V usa a central de 9″, ambos com espelhamentos sem fios e funcionamento bem fluido. A VW Play aceita o uso de aplicativos nativos, enquanto a Honda oferece a conectividade por aplicativo com o carro. Entre ganha e perde, um empate.
Vantagem: empate
Projetos recentes, Taos e ZR-V chegam com pacotes completos de assistentes de itens de segurança. Começando pelos airbags, enquanto o Taos tem 6 bolsas, o ZR-V tem 8, com a proteção de joelhos para motorista e passageiro dianteiro. Ambos chegam com alerta de colisão com frenagem automática e o alerta de saída de faixas com assistente de manutenção. O a mais do VW vem no alerta de ponto-cego – o Honda usa uma câmera no retrovisor direito, que não tem a mesma eficiência.
Os dois SUVs tem piloto automático adaptativo de gerações semelhantes. Funcionam bem e ajudam bastante principalmente em viagens mais longas. Nesta faixa de preços, os SUVs médios já estão bem mais alinhados nesses equipamentos de segurança e assistentes de condução.
Vantagem: empate
Turbo ou aspirado? Esta briga clássica marca Taos e ZR-V e vai além dos números. Enquanto o Honda é mais potente, com 161 cv, a disposição de torque é maior e acontece mais cedo no Taos, como todo motor sobrealimentado. Porte e pesos parecidos, vamos para o que cada um oferece de melhor e nem tão bom assim.
O Taos usa um motor conhecido, o 1.4 turboflex com 150 cv e 25,5 kgfm de torque. Seu parceiro é o câmbio automático com 6 marchas, conjunto sem muitos segredos por aqui. É menos potente que o Honda, mas esse torque a mais em uma faixa baixa de rotação o deixa mais esperto em arrancadas, mesmo que um certo turbolag ainda exista para tirá-lo da imobilidade. Inegável que a engenharia da marca andou reajustando as respostas, já que ele está melhor que quando nasceu.
O SUV argentino tem um seletor de modos de condução, que vai de um mais eficiente até um esportivo, passando por um meio-termo e o personalizável. No dia a dia, não precisa pisar fundo ou deixar as marchas esticar para ter um bom desempenho, enquanto o câmbio trabalha para deixar as rotações baixas, colocado marcha sobre marcha. As trocas são suaves e não precisar brigar com o motor para o carro andar é ponto positivo.
A suspensão é boa. Mesmo com as novas rodas de 19″, o Taos não sofre nos buracos e segue uma cartilha da Volkswagen de dirigibilidade, sem exagerar no conforto e ou deixar o conjunto firme demais. A posição de dirigir é mais característica de SUV que no ZR-V, além dos vidros maiores e a própria altura da carroceria e do solo maiores ajudam a vencer valetas e lombadas sem reclamações.
O ZR-V usa o motor 2.0 aspirado, de 161 cv e 19,1 kgfm. Quem precisa trabalhar para resolver algumas questões é o câmbio CVT, com simulação de 7 marchas, que precisa achar a melhor relação para jogar algum torque sem esticar muito a rotação, mas não tem a mesma disposição do Taos. Para realmente entregar o que diz, a rotação mais alta começa a incomodar no interior e parece sofrer um pouco, ainda mais carregado ou na estrada, onde o Taos sofre bem menos.
O Honda consegue ser um pouco mais confortável em suspensão que o Taos. Mais baixo, tem boa dinâmica como o VW, apesar de achar seu limite um pouco antes quando colocado em situações mais extremas. Ambos estão em plataforma modulares que também estão nos sedãs médios, com boa construção e com suspensão independente nas quatro rodas.
O Taos é mais gostoso para quem gosta de dirigir. Não tem a posição de dirigir baixa do ZR-V, como já dito, mas a entrega do motor 1.4 turbo é melhor e a suspensão mais ajustada para isso. Nos testes, dá para explicar algumas diferenças pelos números. O Taos arranca melhor e carrega até os 100 km/h com boa vantagem saindo parado – 10,1 vs. 11,2 segundos. Mas nas retomadas, onde já estão rolando, os SUVs andam juntos, mostrando como o ZR-V se aproveita da potência a mais em alta rotação e do CVT.
No consumo, o ZR-V paga por seus pontos. Na cidade, o Taos marcou 10,3 km/litro, contra os 9,7 km/litro do ZR-V, que não tem injeção direta e, principalmente neste caso, sistema start-stop. Se prejudica no trânsito e, pela necessidade de mais rotação para entregar força, tem essa diferença. Na estrada, o VW registrou 14,9 km/litro contra os 12,6 km/litro do ZR-V, justamente pelo fato do Honda apelar mais para o câmbio e rotação para manter velocidade nas rodovias. O Taos trabalha em rotação baixa e em poucos momentos sai disso.
O VW Taos anda mais, bebe menos e é melhor para quem gosta de dirigir. O Honda ZR-V é um pouco mais confortável para rodar, mas ao insistir em um motor 2.0 aspirado que nem injeção direta tem para uma concorrência que já está ou na era turbo ou híbrida o atrapalhou bastante e deve ser questão nas lojas.
Vantagem: VW Taos
Na tabela básica, o VW Taos custa R$ 212.480, enquanto o Honda ZR-V Touring está etiquetado a R$ 214.500. Mas o VW tem o teto-solar como opcional (R$ 6.350), o que elevaria seu preço para R$ 218.830, pouco mais caro que o Honda. Coloque as rodas de 19″ e chegue aos R$ 219.950 do carro testado.
Mas o Taos tem a vantagem das três primeiras revisões gratuitas – o ZR-V cobra R$ 2.564 na soma das mesmas 3 revisões, a cada 10.000 km ou três anos em ambos. No real a real, o Taos é mais barato (básico) e não cobra pelas revisões. Fica ao seu critério ter o teto-solar panorâmico e a rodas de 19″ para mudar esse resultado ou negociar na concessionária.
Vantagem: VW Taos
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Essa dupla tem uma briga no mercado. Como marcas tradicionais, são opções aos líderes Jeep Compass e Toyota Corolla Cross, mas também estão no caminho das novas marcas, como GWM Haval H6 e BYD Song Plus, além do Ford Territory. De boas plataformas, bem equipados e com atrativos para cada tipo de cliente, muitas vezes já acostumados com cada marca.
Na briga, o VW Taos Highline é melhor pelo espaço, porta-malas e desempenho. O Honda ZR-V Touring coloca dúvida em equipamentos, apesar de bastante semelhantes, e em acabamento. A vitória do VW Taos Highline é merecida na contagem de pontos conquistados diante da novidade.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
Fichas técnicas
Honda ZR-V Touring 2.0 CVT | VW Taos Highline 1.4T AT6 | |
MOTOR |
dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.996 cm³, duplo comando de válvulas com variador de fase e abertura na admissão e de fase no escape, gasolina |
dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.395 cm3, duplo comando de válvulas com variador na admissão e escape, injeção direta, turbo, flex |
POTÊNCIA/TORQUE |
161 cv a 6.500 rpm; 19,1 kgfm a 4.200 rpm |
150 cv de 4.500 a 5.500 rpm (E)/ 4.750 a 5.250 rpm (G); 25,5 kgfm de 1.500 a 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO |
automático CVT com simulação de 7 marchas; tração dianteira |
automática de 6 marchas; tração dianteira |
SUSPENSÃO E RODAS |
McPherson na dianteira; multilink na traseira; rodas de 17″ com pneus 215/60 |
McPherson na dianteira; multilink na traseira; rodas de 19″ com pneus 235/45 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira |
PESO | 1.446 kg em ordem de marcha |
1.432 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.568 mm, largura 1.840 mm, altura 1.611 mm, entre-eixos 2.655 mm; | comprimento 4.461 mm, largura 1.841 mm, altura 1.626 mm, entre-eixos 2.680 mm |
CAPACIDADES | tanque 53 litros; porta-malas 389 litros | tanque 51 litros; porta-malas 498 litros |
PREÇO | R$ 214.500 | R$ 212.480 (R$ 219.950) |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (gasolina) | ||
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Honda ZR-V 2.0 | VW Taos 1.4T | |
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 5,6 s | 4,6 s |
0 a 80 km/h | 8,1 s | 6,9 s |
0 a 100 km/h | 11,2 s | 10,1 s |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em S | 7,8 s | 7,8 s |
80 a 120 km/h em S | 7,3 s | 7,2 s |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 9,7 km/l | 10,3 km/l |
Ciclo estrada | 12,6 km/l | 14,9 km/l |